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quinta-feira, 7 de março de 2013

Para além dos anti-corpos


Imagem retirada da Net

A referência à prolactina no estudo divulgado no post anterior enquanto marcador associado aos danos causados pela ingestão de glúten em doentes celíacos, fez-me pensar que seria importante referir outras análises que, não sendo específicas da intolerância ao glúten, podem indicar a sua presença, mesmo quando os marcadores de anti-corpos são negativos.





Prolactina
Um artigo de 1997 aponta para uma correlação entre os valores elevados da prolactina e a DC:
“A prolactina sérica em pacientes com doença celíaca activa foi significativamente maior do que nos outros grupos estudados e nos valores de referência. A prolactina sérica correlacionou bem com o grau de atrofia da mucosa, e com a concentração sérica de anticorpos antiendomísio. A prolactina pode desempenhar um papel na modulação imunitária no dano intestinal da doença celíaca e servir como um marcador potencial para a actividade da doença.”

O mesmo resultado num estudo de 2004:
“Os níveis séricos de prolactina foram estimados em pacientes com Doença celíaca (DC) em dieta contendo glúten, sem restrições (grupo 1), bem como naqueles que seguem uma dieta sem glúten (grupo 2). Hiperprolactinemia foi detectada em todos os pacientes do grupo 1 e um paciente no grupo 2 que tinha atrofia grave das vilosidades. A estimativa de prolactina sérica pode fornecer um marcador adicional de actividade da doença na DC.”

Um artigo de 2005 sobre as doenças auto-imunes e a prolactina:




Colesterol
Nem sempre ter o colesterol anormalmente baixo é bom, como defendem alguns médicos. Se os valores de colesterol se situam abaixo dos valores normais, deve-se pensar em má-absorção de lípidos. Uma hipocolesterolemia deve ser investigada, até porque níveis anormalmente baixos de colesterol podem levar a um risco aumentado de cancro, depressão, ansiedade e parto pré-termo em mulheres grávidas.

Um estudo de 2008 concluía que:
“Pacientes com DC podem mostrar uma alteração no metabolismo lipídico, isto é, colesterol total sérico e colesterol lipoprotaico de alta densidade reduzidos em consequência da má absorção de lípidos e menor ingestão.”

Outro, de 2009:
“No momento do diagnóstico de doença celíaca, os homens tinham um valor médio do colesterol total 21% menor e as mulheres 9% menor, em comparação com a população em geral.”

Mais um estudo de 2009:
“Uma grande prevalência de doença celíaca (DC) foi relatada em pacientes com concentração reduzida de colesterol HDL; o tratamento com uma dieta isenta  de glúten (DIG) parece normalizar o perfil lipídico. A restauração do perfil lipídico em pacientes com DC após o tratamento com DIG pode ser explicada por um aumento na secreção de apolipoproteína tanto pelas células intestinais como pelas reservas de gordura corporal.”

Aqui ficam mais dois estudos sobre esta temática:


Plaquetas
A elevação dos valores das plaquetas (trombocitose) foi um dos achados analíticos quando o meu filho esteve doente no pré-dieta, daí ter considerado relevante trazer estes estudos e artigos que apontam para uma possível ligação entre estas e a DC.

Um estudo de caso de 2002 concluía que:
“Este caso mostra que a associação de sinais hematológicos - trombocitose extrema e anemia severa – considerada típica, num paciente idoso, de doenças mieloproliferativas ou de condições neoplásticas, pode ser devida a doença celíaca; logo, a doença celíaca também deve ser considerada como um dos possíveis diagnósticos.”

Outro estudo de caso de 2008:
"Trombocitose extrema poderia surgir no caso de deficiência de ferro secundária à doença celíaca."

Ao mesmo tempo, a Fundação Livestrong escreve que “Plaquetas elevadas são uma das muitas alterações laboratoriais que podem ser esperadas na doença celíaca, caracterizada por uma reacção inflamatória ao glúten alimentar que danifica o intestino delgado.” A Clínica Mayo defende um ponto de vista similar em que afirma que “As causas da trombocitose reactiva incluem: inflamação, tais como aquela provocada pela artrite reumatóide, doença celíaca, doenças do tecido conjuntivo ou doença inflamatória do intestino.”


No entanto, convém lembrar que uma alteração nestas análises pode ter outras causas para além da intolerância ao glúten e que convém que a situação seja avaliada por um médico especialista bem informado.

Outros artigos:
Prolactin May Be Increased in Newly Diagnosed Celiac Children and Adolescents and Decreases after 6 Months of Gluten-Free Diet

1 comentário:

Clara disse...

Exactamente o que eu tinha: prolactina alta, colesterol baixo, mas anticorpos negativos. Felizmente a biópsia veio positiva e a dieta normalizou os meus valores. Obrigada pela info!

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