INFORMAÇÃO É PODER

DADOS, DICAS E RECEITAS DE VIDAS SEM GLÚTEN



terça-feira, 12 de março de 2013

Entrevista ao Dr. Luis Rodrigo

Publico hoje uma entrevista muito recente dada pelo Dr. Luis Rodrigo, o  chefe da Gastrenterologia no Hospital Universitário Central das Astúrias ao jornal Espanhol "Diario de Navarra". Parece-me uma entrevista muito interessante e progressiva, ainda que, a meu ver, o entrevistado não se tenha explicado muito bem na parte sobre a dieta sem glúten, onde menciona que o arroz e o milho são os únicos cereais sem glúten. Serão, talvez, os mais comuns, mas não convém esquecer o millet e o sorgo, assim como os pseudo-cereais tais como a quinoa ou o amaranto.

"Todos podem ser celíacos, até prova em contrário

"Todos podem ser celíacos, até prova em contrário", diz o Dr. Luis Rodrigo, médico especialista em doença celíaca (DC), tradicionalmente considerada uma doença da infância, mas que "pode ​​aparecer" em qualquer idade, inclusive 20% dos diagnosticados têm mais de 60 anos. "O record? Um paciente de 90 anos, um pouco tarde, não?"

Na sua opinião, a "enorme lacuna" de especialistas em DC limitou o número de casos diagnosticados. Rodrigo, chefe da Gastrenterologia no Hospital Universitário Central das Astúrias (HUCA), aponta 30 médicos especialistas em Espanha para adultos celíacos e o dobro disso para a infância.

"Eu não estou errado ou a exagerar, a minha opinião é endossada pelo aumento do consumo de produtos sem glúten", enfatiza o especialista perante o "aumento notável" no número de afectados e pela " grande variedade" de novos alimentos sem glúten disponíveis no mercado.

Ele argumenta que a Europa "vai à frente", mas a Espanha "está a juntar-se" pela mão da Sociedade Espanhola de Doença Celíaca (2008), que organiza congressos bianuais. Em Novembro do ano passado reuniu 120 médicos, "metade eram pesquisadores básicos, a outra metade clínicos," uma quantidade "claramente insuficiente para uma população de 47 milhões."

Em cerca de um milhão de celíacos no país, apenas 20% estão diagnosticados, diz o especialista. A intolerância permanente ao glúten faz da DC uma "doença generalizada" que pode levar a "todos os tipos" de distúrbios numa percentagem "muito significativa" da população, uma vez que a prevalência da doença celíaca é de 1 a 3 por cento, “ altíssima "para uma doença.

Dermatites, psoríase, eczema, anemia, diabetes, distúrbios da tireoide, problemas de fertilidade, distúrbios menstruais, aborto, complicações na gravidez, osteoporose, reumatismo, fibromialgia, algumas formas de epilepsia, esclerose múltipla, dores de cabeça e depressão são condições citadas pelo especialista, ligadas à DC, e até "é possível que tenha a ver com algum tipo de cancro."

Vinte anos é o tempo médio que leva um celíaco para ser diagnosticado, um período em que o Dr. Rodrigo relata uma jornada "interminável e muito angustiante" para pacientes que "deambulam por sucessivas consultas com diferentes especialistas", que "não pensam que a doença celíaca pode ser a causa dessas diversas moléstias ".

"Eu faço más digestões, incho muito quando como, tenho azia, vejo-me à rasca na casa de banho e tenho diarreia ou obstipação, ou ambos" são sintomas revelados pelos pacientes, diante dos quais responde o médico, "Vá, não se preocupe, isso são apenas nervos a afectar a digestão ".

Neste cenário, este especialista manifesta que deve-se estar "decidido a mudar a abordagem do problema", apostando em considerar a DC como uma possível causa dos transtornos, o diagnóstico é dificultado pelo "despiste", que "em muitas ocasiões" é gerado pelos testes analíticos quando são "negativos".

Propõe que perante uma má digestão, se procure "intencionalmente" a possibilidade de que o afectado seja um possível celíaco, e especifica "experiência e conhecimento", como requisitos dos patologistas que examinam as biópsias do duodeno, onde “se vê melhor a inflamação”.

"Diagnostica-se pouco, refreia-se muito e desconhece-se o valor de testes que acabam por ser imprecisos", diz o Dr. Rodrigo para resumir a situação actual em que "o paciente anda às voltas com diagnósticos peregrinos".

Quando perguntamos o que seria a solução, responde que "é uma questão de querer", e sugere que a um paciente que está doente, mas cujos provas de serologia e endoscopia são negativas, recomendaria fazer uma dieta sem glúten por um período de seis meses. "O que acontece na maioria dos casos? Uma melhoria notável”.

Propõe consumo subsidiado de milho e arroz, os dois únicos cereais que não contêm glúten, que é encontrado no trigo, centeio, cevada e aveia; e aconselha a desistir de "tudo o que esteja relacionado com estes cereais, pelo que os celíacos não devem beber cerveja "e defende a" dieta dos três P’s: sem padaria, sem pastelaria e sem pizzaria ".

Defensor da comida "saudável e completa", propõe uma "mudança de chip, especialmente para os jovens, acostumados a comer fast food, vista como" boa, bonita e barata ", mas que não é nem boa nem bonita, nem barata, e paga-se muito caro porque se anda a brincar com a saúde”.

Sem comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...